Investimento Projeto da Foz Vintage integra três edifícios com escritórios, um hotel, auditório e espaços comerciais. Mas não será um arranha-céus.
O nome World Trade Center remete, quase de imediato, para as Torres Gémeas de Nova Iorque, nos EUA, mas, na verdade, é hoje uma marca registada usada em mais de 300 edifícios de escritórios em todo o mundo. E Portugal, mais precisamente Lisboa, vai ser uma das próximas localizações a ter um complexo de negócios com esse nome. "Era uma das poucas capitais na Europa que não tinha um World Trade Center (WTC) e, com o avanço das startups, tornou-se um ponto de atração para empresas criando um ecossistema interessante para o WTC", explica ao Expresso o diretor-executivo da Associação de World Trade Centers, Luciano Montenegro de Menezes.
O projeto, que reuniu todos os requisitos necessários para poder usar a marca WTC, é da Foz Vintage, uma empresa do Porto criada em 2018 e que vai investir €120 milhões na obra. "Quando o WTC considerou a vinda para Lisboa viu no nosso projeto o sítio ideal para implementar o seu
conceito. Não houve procura nem concurso, foi um encontro perfeito entre quem queria desenvolver o edifício e quem queria desenvolver a atividade do WTC em Portugal. Da parte da Foz Vintage, queríamos encontrar uma solução inovadora, que não fosse apenas um empreendimento de escritórios. Do lado do WTC, o objetivo era encontrar um edifício de referência, a exemplo do que acontece no resto do mundo", conta ao Expresso o diretor de operações (COO) da Foz Vintage, Vasco Fonseca.
Localizado em Carnaxide, o WTC Lisboa terá um total de 70 mil m2, mas não será um arranha-céus. Será, sim, composto por três edifícios com 25 mil m2 de escritórios e 4000 m2de áreas comerciais para restaurantes, lojas e ginásios. Terá ainda um outro edifício para um hotel com 127 quartos e um auditório para 205 pessoas; um outro para retalho com 1700 m2; 10 mil m2 de jardins e espaços exteriores e estacionamento para 1000 carros. Além disso, será um "empreendimento ambientalmente responsável", que terá, por exemplo, carregadores rápidos para carros elétricos e autorização para levar animais de estimação. E será também "o primeiro edifício em Portugal e um entre poucas dezenas em todo o mundo com certificações Leed Gold e Well Gold. A Leed Gold refere-se à qualidade do edifício propriamente dito e a Well Gold ao bem estar das pessoas", explica Vasco Fonseca.
De facto, segundo referiu Luciano de Meneses, "como só pode existir um único WTC por cidade ou região, ele deve ser uma referência e ter os melhores atributos e certificações do mercado. No caso de Lisboa, as certificações, as áreas verdes e o facto de ser um espaço multiusos movido pela transformação digital torna-o numa referência". Daí que a associação procure "sempre" edifícios que ainda estejam por construir, porque as características que procuram "normalmente são difíceis de existir em algum empreendimento já construído", acrescenta.
Ora, na altura em que a associação de WTC começou a procurar edifícios em Lisboa, o projeto da Foz Vintage estava em desenvolvimento. O terreno comprado pela empresa do Porto "já tinha um projeto de escritórios, aprovado e loteado", mas decidiram "transformar o conceito que estava ali a ser iniciado" para fazer um edifício de referência, não só em termos construtivos mas ambientais. As obras começaram "em agosto de 2019" e "neste momento estão a ser executadas as estruturas de betão dos dois edifícios de escritórios, fase que estará terminada em março do próximo ano, altura em que daremos início às obras do hotel. A conclusão do projeto está prevista para o primeiro trimestre de 2022", explica Vasco Fonseca. Um prazo que não sofreu grandes atrasos por causa da covid-19. A pandemia, que ninguém poderia antecipar, apre- sentou-nos desafios adicionais, de forma a garantir todas as normas e a segurança das nossas pessoas e é óbvio que teve impacto e que o WTC Lisboa sofreu alguns constrangimentos nos timing de execução. No entanto, a nossa previsão de conclusão da obra não foge de forma significativa ao que tínhamos inicialmente previsto", repara o COO da Foz Vintage.
Rendas mensais de €16 por m2
A par das obras, a Foz Vintage deu início à comercialização dos escritórios cuja renda mensal rondará os €16 por m2 , sendo que o objetivo é arrendar a "grandes empresas e grandes grupos empresariais, nacionais e internacionais, que poderão utilizar vários pisos ou, no mínimo, um piso por empresa [2000 m2 cada um]". E, apesar do aumento do teletrabalho, a Foz Vintage está confiante neste processo.
"Embora seja uma solução interessante, é impensável para as empresas terem uma equipa inteira em teletrabalho permanente. Por um lado, nem todas as pessoas se adaptam e o desejam. Por outro, o contacto di- reto, a interação, a colaboração são elementos fundamentais tanto para a produtividade como para o desenvolvimento de uma cultura forte nas empresas", diz Vasco Fonseca. Para o responsável da Foz Vintage, quando a pandemia passar, a tendência não será tanto a do teletrabalho, mas sim o de ter escritórios que não sejam apenas um espaço para trabalhar. "É nesse sentido que o WTC Lisboa pretende fazer a diferença, com o bom ambiente, as infraestruturas, o conciérge, a luz, o conforto ou os espaços verdes."
Acresce ainda as vantagens de usufruir do nome WTC. "O que o World Trade Center nos oferece é mais que uma marca pela qual pagamos um royalty. A rede WTC é uma das maiores redes de negócios no mundo, pelo que irá proporcionar o acesso a um conjunto de benefícios e oportunidades às empresas aqui sediadas e aos seus colaboradores, como conferências, workshops ou networking empresarial".
Mais avançada está a procura do operador do hotel, que já está na fase das "negociações contratuais". Aliás, é por isso mesmo que não pode revelar o nome do parceiro. Será, contudo, um operador com experiência na gestão de unidades mais viradas para os negócios. "Mais do que uma localização turística, o World Trade Center Lisboa é um centro de negócios dirigido aos business travelers. Não seria o mesmo, num empreendimento destes, ter ou não ter um hotel. Das análises que fizemos noutros mercados, este é um formato que funciona muito bem", diz Vasco Fonseca.
Fica só a faltar o edifício de retalho, cuja comercialização arrancará mais tarde, porque "não está ainda definido o que vai ser". "Estamos a equacionar um espaço gourmet, ou talvez um outro tipo de loja, ou até mesmo uma incubadora para startups", conclui Vasco Fonseca.
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Ana Baptista
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